O que é o Autismo?
Vamos apresentar muitas das dúvidas que o público tem sobre o autismo e respondê-las com embasamento profissional.
Paulo Gomes
4/4/20253 min read


Vamos começar sabendo o que é autismo?
É uma condição neurológica que, atualmente, se encaixa no Transtorno do Espectro Autista (TEA). As pessoas com autismo possuem dificuldades na reciprocidade socioemocional, em comportamentos comunicativos não verbais e na interação social. Então, o modo de interagir com o mundo é diferente para essas pessoas. Por exemplo: elas possuem dificuldade de iniciar e em manter uma conversa e de manter contato visual.
Além disso, há a presença de características de comportamentos restritos ou repetitivos. Isso pode ser por repetição de palavras ou frases, uso de objetos de maneira diferente da habitual, interesses por assuntos específicos, forte adesão a rotinas, sensibilidade a texturas (como tocar ou cheirar objetos de forma excessiva), entre outros.
No caso de um diagnóstico de TEA positivo, estes elementos estão presentes desde o início da infância, inclusive alguns sinais são visíveis antes dos 2 anos de idade, e causam prejuízo para o desenvolvimento e adaptação desta pessoa.
2. Por que o autismo é chamado de TEA?
A partir da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), versão atual da referência mundial para diagnósticos de transtornos mentais, o autismo foi englobado no chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA tornou-se um diagnóstico único que inclui alguns transtornos do desenvolvimento infantil que envolvem prejuízos sociais. Ou seja, o TEA atualmente inclui o autismo e outros distúrbios como a Síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.
3. Qual é a causa do autismo?
As causas do TEA não são totalmente conhecidas, e a pesquisa científica sempre concentrou esforços no estudo da predisposição genética, analisando mutações espontâneas que podem ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética passada de pais para filhos. No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.
4. Quais os sintomas de autismo?
Os sintomas se baseiam na ocorrência de um desenvolvimento diferente do que seria esperado para a faixa etária, e podem variar na maneira e intensidade com que se manifestam em cada pessoa. Alguns dos sintomas podem ser: demora para começar a falar, evitar olhar nos olhos, não atender ao chamado do nome, não apontar, não brincar com crianças da mesma idade, não brincar de faz de conta, não entender linguagem figurada, brincar com brinquedos de maneira incomum (ex: ficar girando a roda de um carrinho), demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas, realizar movimentos repetitivos, choros inapropriados, sensibilidade a sons, não gostar de toque, entre outros.
5. O que é a Síndrome de Asperger?
A Síndrome ou Transtorno de Asperger é um dos transtornos que se enquadra atualmente no TEA segundo o DSM-5. Isto ocorre porque o transtorno de Asperger compartilha sintomas e critérios diagnósticos com o autismo leve, também conhecido como autismo de alta funcionalidade. Desta forma, as pessoas com Asperger fazem parte do espectro autista, e o seu tratamento segue a linha dos outros distúrbios do TEA, sempre com adaptações para as particularidades de cada caso.
6. Existem diferentes graus de autismo?
Sim, existem diferentes graus. O DSM-5 rotula os distúrbios que fazem parte do TEA como um espectro justamente por eles se manifestarem em diferentes níveis de intensidade. Uma pessoa diagnosticada como de alta funcionalidade apresenta prejuízos leves, que podem não a impedir de estudar, trabalhar e se relacionar. Um paciente de média funcionalidade tem um menor grau de independência e necessita de algum auxílio para desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar a sua refeição. Já alguém com baixa funcionalidade vai manifestar dificuldades graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida.
7. Como é confirmado o diagnóstico de autismo?
O diagnóstico de autismo é clínico, ou seja, não existe um exame laboratorial ou de imagem que possa comprovar a presença do transtorno. Ele deve ser realizado por uma equipe multiprofissional de saúde especializada, com a presença de um neuropediatra ou psiquiatra infantil e psicóloga. O diagnóstico do TEA deve seguir critérios definidos internacionalmente, com avaliação completa da criança, entrevista com os pais e cuidadores.
Em breve, retomaremos o assunto, pois ainda tem muitas dúvidas que merecem ser esclarecidas.
Texto produzido pelo psicólogo e neuropsicólogo Paulo Gomes.